2016-01-12

M76 - Da má memória.
Na página do FB da C.Art.3540, encontrei um post do Martinho Braga:

"... eu fui soldado condutor da CCS e orgulho-me dos meus superiores da ferrugem, nomeadamente e em especial o "alferes" Azevedo e "furriel" Oliveira. Talvez não vos interesse o que aqui vou escrever, mas se me permitirem lá vai. Como todos sabem a 3540 teve o capitão Lopes no seu comando e certa vez ele passou pela CCS no Lucusse... (peço ao capitão Lopes, se ler isto que não leve a mal, pois o que lá vai, lá vai ) mas foi algo que me marcou e até a minha caderneta. 
Um dia de muita chuva, daqueles que nós bem sabemos como era, e (...) eu precisava de urinar mas se saisse (...) ficava que nem um pintaínho, (o militar não tem guarda chuva); aguentei o que pude até que a chuva parou e aproveitei para aliviar a bexiga, mas teve de ser logo à porta da caserna, pois já não suportava mais ( que mal tinha, com toda aquela água da chuva? ). Para azar meu o capitão Lopes, de passagem  para a secretaria, viu e logo pediu a um soldado que também ia a passar para eu lhe dar a minha identificação. Por muito que eu pedisse ele simplesmente ignorou e levou ao capitão Adriano que andava já há  um bom tempo a ver se eu metia o "pé na argola" para me castigar, (outra história!)
(...) queria por isso dar-me prisão, mas eu repliquei (...) para surpresa minha deu-me 10 dias de detenção, o que consta na minha caderneta em vermelho. Quando mais tarde conversei com o capitão Lopes sobre isso, disse que não era essa a intenção mas sim um pequeno castigo como uns reforços. Este episódio nunca vou esquecer, pois nem a caderneta o deixa, por estar bem visível a vermelho. Uns queriam ser militares rigorosos, outros apenas cumprir seus deveres e o mais humanos possível. A todos, oficiais e camaradas soldados, um abraço."

A que acrescentou um comentário:

"Quando estivemos no convívio no RAP2 eu falei-lhe nisto e ele simplesmente respondeu que é passado. Sinceramente esperava um pedido de desculpas mas parece que o orgulho continua".

3 comentários:

  1. Amigo Braga
    Trazer ao conhecimento dos que nos estimam recordações que apesar de distantes continuam a perturbar-nos é mais que um acto de coragem, um aprimorar da auto estima; acresce, como saberás, que também faz bem à alma. O à altura cap Lopes estará sempre a tempo de apresentar as desculpas que considerar serem devidas. Não o fazendo também não incomoda se tiveres uma esfera de valores e princípios que ele continue a desconhecer. Certo é que ele, como muitos andará convencido do que os outros pensam dele ou de que os consegue convencer da imagem que prefere.
    É típico de alguns militares. Característica importante de outros (sejam ou não militares) é o que respeita a lideranca. A capacidade de liderança não sai afectada nem o ser humano se diminui quando pede desculpa.
    Se de facto diz que é passado, pode de alguma forma não estar preparado para o assumir. Isso mesmo se reflectiu no "improviso" do RAP2, pontualmente enriquecido por alguns plurais majestáticos. Todos temos telhados de vidro. Nun Azev

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Não, não me deixo levar por esses sentimentos que corroem, pese embora saber que infelizmente há e sempre haverá seres que nos causam dor e nem sequer reconhecem, e é aí que ainda doi mais. Na verdade, este caso que já vai bem longe, nem na altura me causou dano porque nem liguei ao castigo pois no sábado logo a seguir saí do aquartelamento e até o C. Adriano, que apanhou-me fora, para meu espanto só me chamou à atenção, mas que me poderia ter causado sérios problemas e eu, como todos, o que queria era vir para casa. Agora ele nem era da minha companhia, mas cheio de militarismo e resoluto, resolveu denunciar-me para me castigarem. Mas tudo isto lá vai, não tenho qualquer rancor nem vivo com isto a atormentar, mas foi só um episódio da vida que resolvi contar e que serve para percebermos quem é verdadeiramente humano e, na maioria, só tenho a agradecer. Sim, pessoas de posição e autoridade me trataram sempre com respeito, tenho boas recordações de vários superiores e colegas. Mas foi também o regime que nos fazia a cabeça para sermos assim e para muitos a posição lhes subia à cabeça não tendo respeito pelos outros. Eu sou uma pessoa de classe humilde mas aprendi a respeitar TODOS para que me respeitassem também, para mim não há preto ou branco, servo ou senhor, ou melhor considero-me servo de todos que me respeitam. A esses tiro o meu chapéu.

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