2014-06-12

M67 - C.Art.3539 Convívio 2014


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2014-04-20

M66 - C.C.S. Convívio de 2014



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2014-02-28

M65 - Chanel nº 5
Num belo fim de tarde, no Luquembo, deambulava pelo quimbo em geito de encontrar um motivo e gente boa para uma conversa.
Por peculiar sortilégio, tinha o pensamento focado na memória de Alberto Jales, cujo óbito ocorrera cerca de um ano antes (Out71) e via-me, na passada, a organizar,e trautear trocadilhos baseados em  títulos de versos  por ele escritos e cantados de forma soberba pela Amália: “Foi Deus” e “Vou dar de beber à dor”.
E nas voltas que o mundo dá suspendi a injúria e fixei-me na terra que pisava e na direcção tomada; era o arruamento estreito, tantas vezes percorrido e que me levava a passar em frente à casa pequena, de adobe cuidado, porta e janela minúsculas e cobertura zincada, o que a destacava das demais
E perpassam adjectivos, numa sequência de quase delírio … boémia, bizarra, fadista, … mas que aos poucos se instalam e ajudam a acordar o que recordava da letra de um outro fado da Amália:
A Júlia Florista boémia e fadista/ … figura bizarra/ … vendia flores, mas os seus amores jamais os vendeu/ … chinela no pé um ar de ralé, um geito de andar …
Era um facto, a deambular, vinha em busca do remanso da Júlia.
A Júlia era rapariga de corpo jovem e escorrido, senhora de uma inteligência prática notável, com resposta rápida, algumas vezes bregeira e que não embarcava em qualquer inutilidade.
Gostava de conversar com ela, palavras que iam ganhando o sabor da Nocal e navegavam em nuvens de fumo de cigarros ou de quando em vez do mutopa partilhado.
Com os meses que levava a comissão e a frequência das deslocações à sanzala, o sistema olfactivo já estava um pouco embotado.
Mas naquele fim de tarde ao entrar na casa da Júlia, havia algo de inusitado de que o inconsciente deu conta, mas que tardei a identificar.
Fitava-a e ela ria baixinho, quase envergonhada; só decorridos alguns segundos, associei que tal decorria do meu duplo “snifar”. A partir daqui foi fácil descobrir
Eis a estória:
Há cerca de dois meses, o Alf G., de partida para umas férias na Metrópole, tinha prometido à Júlia que lhe ia trazer de prenda um colar, coisa que ele sabia ia bem com a vaidade da rapariga.
Vinha já no avião, de regresso, quando se apercebeu que ia estar em falta ao prometido, e nas circunstâncias emendou para uma compra duty-free, no caso um frasquinho de perfume
Na hora de chegada justificou-se como pode, e ofereceu o Chanel nº5, cuja fragância eu, uns dias depois, estava a ter oportunidade de rever; diga-se, uma fragância resplandecente sobre o corpo chocolate, impoluto de suores, com que fazia questão de surgir, garbosa, em cada fim de tarde.

Precisavas de sair da água
Pura como uma gota erguida
Por uma onda nocturna


   Pablo Neruda, in “Os Versos do Capitão”




Azevedo

2014-02-24

M64 - Viatura minada
Numa deslocação da C.Art 3540, na ZMLeste aconteceu o que era provável.
A viatura era conduzida pelo Cabo Mecânico Flor Ferreira e estava confiada ao Soldado Condutor Gaspar Maia; ao primeiro a explosão da mina provocou uma perda de audição temporária  e o segundo ficou tristíssimo quando soube da inoperacionalidade da Berliet onde me tinha pedido que desenhasse o seu nome.
Visivel no meio dos destroços, um fragmento do pneu; jante e cubo da roda voaram cerca de 40 metros
Ao centro o Alf Abrantes, que seria ferido numa emboscada da Unita, já depois do 25Abril74, por uma bala de raspão.

À memoria do Ferreira e do Maia, que só há alguns anos fizeram a viagem final.
Azevedo


63 - Mulheres
Andam esquecidas, as mulheres que nos viram partir, e ainda aquelas de que não quisemos ou conseguimos despedir-nos.
Às mulheres que se despediam no cais de Âlcantara e ficavam a acenar com lenços, até que o navio ultrapassava a linha do horizonte, chegaram a chamar-lhes carpideiras profissionais a soldo, e nós deixamos.
Perdemo-nos no tempo sedados pela adrenalina de pisar terrenos que nos podiam ser desfavoráveis ou de um jogo de cartas a dinheiro, ou ainda compartilhando com camaradas o sabor acre de uma cerveja; e tempo de saudades escritas sobre “bate estradas”, quantas vezes tocados por lágrimas furtivas.
Mas elas, terminados os afazeres da lide diária, algumas os filhos deitados, davam-se então conta de estar sozinhas e viviam o pior dos medos, o que se recria pela imaginação.
No regresso, estranhamos os cabelos brancos…

2014-01-22

M62 - Reunião em Junho de 2014



Igreja construída segundo projecto arquitectónico do grego Alexandros Tombazis e de estruturas do eng José M Freitas, concluída em Out07, elevada a basílica em Nov11 e dedicada à Santíssima Trindade; íntegra o complexo religioso de Fátima, sendo o mais das vezes designada de a Nova Basílica de Fátima.

A reunião convívio de 2014 terá lugar aqui, em Fátima. 
A imagem acima remete pois para o santuário, para onde os homens de fé peregrinam, e os de honra respeitam.
E respeitam porque designadamente também é o local em muitos dos que estiveram em África, exorcizam medos ou ansiedades que lhes perturbaram o espirito ou aí deixaram feridas que persistem até aos dias de hoje; por mais alguns anos, o trajecto das penitências será percorrido pelos mesmos homens de camuflado desbotado pelo tempo... 
No que nos toca, de alguma forma privilegiados, será também mais uma oportunidade de celebrar a fraternidade.
E, a menos que se perfile motivo de força maior, está desde já reservado no calendário o dia 7 de Junho.
O ponto de encontro (P.E.), será cerca desta basílica; missa, para os que nela participam, às 11h00; almoço num restaurante a meia dúzia de passos.

P.E.: G.P.S. >>  N 39* 37'  46,16"      W 8* 40'  31,14

2014-01-17

M61 -