2013-05-23

M44 - Emboscada a dois grupos da 2042ª Companhia de Comandos, em 15Nov73

No dia 15nov73, um numeroso grupo de guerrilheiros do MPLA, emboscou elementos da 2042ª Companhia de Comandos, que circulavam em viaturas auto, no troço de estrada entre Luvuei e Lutembo (em direcção a Gago Coutinho). Foi uma emboscada implacável, com manifesta vantagem da parte do MPLA, mas que teve uma bem sucedida reacção por parte dos Comandos.
Algumas semanas antes tínhamos nós passado pelo mesmo local, e como era norma, de forma muito descontraida. Ou o  MPLA  chegou atrasado, ou considerou que não tinha mérito caçarem-nos à mão.

Vejamos a rifa que nos podia ter saido, segundo uma descrição da emboscada que, com a devida vénia,  transcrevemos do blog 2042comandos.blogspot


5ª Operação da 2042 Cmds  


No Lutembo, um mês antes da fatidica emboscada

Na estrada  Luvuei-Lutembo, em 15 de Novembro de 1973 


Estado em que ficou uma viatura, após a emboscada 


Reforços chegados de Gago Coutinho, 2 horas depois, por culpa da Força Aérea

Depois da saída da 2041ªC.C. para a ZMN e concluída a instalação da companhia no quartel, deu-se uma nova saída na manhã do dia um de Novembro para a região do Lutembo.
Todos os grupos excepto o grupo de alerta e as equipas de defesa imediata, foram lançados de helicópteros nos dias um e dois de Novembro naquela região, a norte do rio Lungué-Bungo, para realizar a operação Martelada E/H. Sem contactos com o inimigo a companhia regressou ao Luso, no dia seis de Novembro.
Os dias de descanso operacional passados no Luso, começavam sempre com a cerimónia da Bandeira. Por vezes, para manter a forma fisica, a companhia realizava crosses até ao rio Luena que passava a sul da cidade. O treino de tiro quase diário era igualmente realizado nessa zona da cidade, numa carreira de tiro aí existente. Numa dessas sessões de tiro o comandante da companhia, capitão Cunha Lopes foi ferido na mão direita. Foi transportado ao Hospital Militar do Luso onde ficou internado.
O conhecimento da existência de um grupo numeroso de guerrilheiros do MPLA, que se movimentavam nas zonas do Luvuei, Lutembo e Gago Coutinho, desencadeou a operação Barbado E/H, sob o comando do capitão Ovídio Rodrigues, do CIC, que se deslocou por via aérea e se juntou 2042ª C.C. em Gago Coutinho.
Os primeiros quatro grupos a serem lançados no terreno, saíram do Luso na manhã do dia catorze de Novembro em viaturas auto para Gago Coutinho onde chegaram de tarde. No dia quinze de Novembro foram lançados de acordo com o plano da operação, três grupos nas zonas previstas, tendo ficado no quartel de Gago Coutinho o grupo de alerta e as equipas de defesa imediata.
Os outros dois grupos, o 1º e o 3º, saíram do Luso na manhã do dia quinze rumo a Gago Coutinho. Na estrada de asfalto que ligava o Luso a Gago Coutinho, próximo da povoação do Luvuei, um numeroso grupo de guerrilheiros do MPLA realizou uma das mais bem sucedidas emboscadas contra as nossas tropas, não só pelo número elevado de mortos e feridos que nos infringiu, mas também pelos estragos causados sobre o material. A posição mais que passiva do comandante da esquadrilha de helicópteros bem como a reacção estranha de um dos dois pilotos de T6 que levantaram do Luso, fez dos operacionais destes dois grupos combatentes heróicos. Contra um inimigo em muito maior número e detentor da surpresa, bem posicionado, com um potencial de fogo elevadíssimo e que dispôs sempre do controlo da situação, foram capazes de empreender a reacção à emboscada de modo a alterar os seus propósitos, repelindo-o ao fim de quase uma hora de combate. Quando o grupo de alerta e os operacionais pára-quedistas chegaram ao local em viaturas auto, já o inimigo tinha retirado com um morto confirmado e um elevado número de feridos. Os nossos cinco mortos e quinze feridos graves foram evacuados para Gago Coutinho e daqui para o Luso. Apesar da heróica reacção, teremos vivido o dia mais amargo de toda a história dos Comandos Portugueses. Esta emboscada, fez abortar a operação Barbado E/H, tendo os grupos que se encontravam no mato sido recuperados de imediato para Gago Coutinho. A companhia saiu nessa noite de Gago Coutinho, pernoitou na unidade militar do Luvuei e seguiu para o Luso no dia dezasseis de Outubro, com pesadas baixas e poucos resultados.
Considerando as baixas sofridas nesta emboscada e a falta de comandante de companhia, alguns responsáveis militares colocaram a hipótese da sua dissolução e distribuição por outras companhias. A nomeação para comandante da companhia, do tenente comando Isaías Pires, no dia sete de Dezembro de mil novecentos e setenta e três, fez cair a ideia de dissolução.

Inserido por Polibio Robim, 29out2009 – 16:16       

Ler uma outra descrição da emboscada pelo ex-Alf Cmdo que comandava o grupo nº 3 em:
 http://2042comandos.blogspot.pt/2009/10/herois-do-luvuei-lutembo-15-10-1973.html

Azevedo

2013-05-06

M43 - Convivio 2013