B.Art.3881
Histórias para a memória futura da Unidade
2016-07-23
2016-01-12
M76 - Da má memória.
Na página do FB da C.Art.3540, encontrei um post do Martinho Braga:
"... eu fui soldado condutor da CCS e orgulho-me dos meus superiores da ferrugem, nomeadamente e em especial o "alferes" Azevedo e "furriel" Oliveira. Talvez não vos interesse o que aqui vou escrever, mas se me permitirem lá vai. Como todos sabem a 3540 teve o capitão Lopes no seu comando e certa vez ele passou pela CCS no Lucusse... (peço ao capitão Lopes, se ler isto que não leve a mal, pois o que lá vai, lá vai ) mas foi algo que me marcou e até a minha caderneta.
Um dia de muita chuva, daqueles que nós bem sabemos como era, e (...) eu precisava de urinar mas se saisse (...) ficava que nem um pintaínho, (o militar não tem guarda chuva); aguentei o que pude até que a chuva parou e aproveitei para aliviar a bexiga, mas teve de ser logo à porta da caserna, pois já não suportava mais ( que mal tinha, com toda aquela água da chuva? ). Para azar meu o capitão Lopes, de passagem para a secretaria, viu e logo pediu a um soldado que também ia a passar para eu lhe dar a minha identificação. Por muito que eu pedisse ele simplesmente ignorou e levou ao capitão Adriano que andava já há um bom tempo a ver se eu metia o "pé na argola" para me castigar, (outra história!)
(...) queria por isso dar-me prisão, mas eu repliquei (...) para surpresa minha deu-me 10 dias de detenção, o que consta na minha caderneta em vermelho. Quando mais tarde conversei com o capitão Lopes sobre isso, disse que não era essa a intenção mas sim um pequeno castigo como uns reforços. Este episódio nunca vou esquecer, pois nem a caderneta o deixa, por estar bem visível a vermelho. Uns queriam ser militares rigorosos, outros apenas cumprir seus deveres e o mais humanos possível. A todos, oficiais e camaradas soldados, um abraço."
A que acrescentou um comentário:
"Quando estivemos no convívio no RAP2 eu falei-lhe nisto e ele simplesmente respondeu que é passado. Sinceramente esperava um pedido de desculpas mas parece que o orgulho continua".
2015-06-19
M75 - Filhos do vento
António Bento, cumpriu SMO em Angola, onde chegou em Set73; primeiro em Lumbala, mais tarde no Luvuei.
Em Dez12 tivemos o privilégio de, com alguma reserva, aqui divulgar, uma carta deste nosso camarada (M42- Uma História de Vida).
Hoje a noticia é publica. O A.B. pôde finalmente abraçar o filho
ps://www.facebook.com/nun.azev/posts/802289759868176
António Bento, cumpriu SMO em Angola, onde chegou em Set73; primeiro em Lumbala, mais tarde no Luvuei.
Em Dez12 tivemos o privilégio de, com alguma reserva, aqui divulgar, uma carta deste nosso camarada (M42- Uma História de Vida).
Hoje a noticia é publica. O A.B. pôde finalmente abraçar o filho
ps://www.facebook.com/nun.azev/posts/802289759868176
2015-06-10
2015-06-07
M73 - As cartas do ultimato
Luquembo, 1974
Luquembo, 1974
A Casa das Palancas (ver M48) está em grande
Com as limitações inerentes deste micro-cosmo, cumpre a quota parte da animação “cultural” local.
As noites correm e improvisa-se no instante; ontem foi conversa com os mais velhos da sanzala, hoje é noite de farra, bar aberto, amanhã se verá o que chega primeiro; nada que perturbe a capacidade de estabelecer planos de contingência, um dos atributos maiores do militar que se preza
E as tardes? Tenho de reconhecer que tenho vindo a aproveitar mais as oportunidades para me isolar e relaxar a seguir à primeira refeição do dia. Um grupo arbóreo de copa densa, protege a casa nas horas em que os raios solares são mais agressivos. A abertura simultânea das duas janelas, propicia uma serena corrente de ar, que mor das vezes ameniza o ambiente.
O que acima alinhei, estaria na página do diário que imagino perdida, mas que de facto nunca foi escrito.
Tantos anos decorridos a memória continua a ser companheira fiável, e bastante para o que se quer relevar.
Bons e especiais momentos, designadamente os partilhados com as jovens indígenas, generosas nos seus verdes anos, como eram também os nossos; algumas de espírito livre e coração aberto, em conversas de palavras simples invariavelmente plenas de sotaque africano, que podiam também ser de conforto ou ao invés, em conversas temperamentais e devassas
Muitas vezes ocorreu-me um verso de Neruda, se bem que o poeta o tivesse moldado noutro contexto ... "Terra de semente inculta e bravia".
A mais vivaça, com alguma ajuda, conseguia replicar com os dois versos seguintes:
"Terra onde não há esteiros ou caminho
Sob o Sol minha vida se alonga e estremece"
Frequentemente insistia em dizer que não compreendia os versos que pronunciava, mas adivinhava-se-lhe no olhar que gostava de pisar terreno de Eros; com sorriso insinuante repetia o "minha vida se alonga e estremece"
Idiossincrasias à parte, hoje a questão primeira é outra: prosaica e singular.
Há dias, em mais uma tentativa de introduzir ordem nos meus arquivos mais esconsos, encontrei um documento a que tinha perdido o rasto. Trata-se de uma carta, que considero que testemunha o mérito e a capacidade de conseguir ser diferente, de duas das nossas amigas locais, de presença mais assidua. Por uma questão de princípio os nomes dos distintos alferes a que é (são) dirigida(s) e os das autoras que deram forma aos ultimatos, foram suprimidos.
Releio as cartas, e como tantas vezes ouço de um primo meu que foi nosso companheiros da jornada africana, também sou capaz de confessar: "que saudades".
Leiam também s.f.f.
Com as limitações inerentes deste micro-cosmo, cumpre a quota parte da animação “cultural” local.
As noites correm e improvisa-se no instante; ontem foi conversa com os mais velhos da sanzala, hoje é noite de farra, bar aberto, amanhã se verá o que chega primeiro; nada que perturbe a capacidade de estabelecer planos de contingência, um dos atributos maiores do militar que se preza
E as tardes? Tenho de reconhecer que tenho vindo a aproveitar mais as oportunidades para me isolar e relaxar a seguir à primeira refeição do dia. Um grupo arbóreo de copa densa, protege a casa nas horas em que os raios solares são mais agressivos. A abertura simultânea das duas janelas, propicia uma serena corrente de ar, que mor das vezes ameniza o ambiente.
O que acima alinhei, estaria na página do diário que imagino perdida, mas que de facto nunca foi escrito.
Tantos anos decorridos a memória continua a ser companheira fiável, e bastante para o que se quer relevar.
Bons e especiais momentos, designadamente os partilhados com as jovens indígenas, generosas nos seus verdes anos, como eram também os nossos; algumas de espírito livre e coração aberto, em conversas de palavras simples invariavelmente plenas de sotaque africano, que podiam também ser de conforto ou ao invés, em conversas temperamentais e devassas
Muitas vezes ocorreu-me um verso de Neruda, se bem que o poeta o tivesse moldado noutro contexto ... "Terra de semente inculta e bravia".
A mais vivaça, com alguma ajuda, conseguia replicar com os dois versos seguintes:
"Terra onde não há esteiros ou caminho
Sob o Sol minha vida se alonga e estremece"
Frequentemente insistia em dizer que não compreendia os versos que pronunciava, mas adivinhava-se-lhe no olhar que gostava de pisar terreno de Eros; com sorriso insinuante repetia o "minha vida se alonga e estremece"
Idiossincrasias à parte, hoje a questão primeira é outra: prosaica e singular.
Há dias, em mais uma tentativa de introduzir ordem nos meus arquivos mais esconsos, encontrei um documento a que tinha perdido o rasto. Trata-se de uma carta, que considero que testemunha o mérito e a capacidade de conseguir ser diferente, de duas das nossas amigas locais, de presença mais assidua. Por uma questão de princípio os nomes dos distintos alferes a que é (são) dirigida(s) e os das autoras que deram forma aos ultimatos, foram suprimidos.
Releio as cartas, e como tantas vezes ouço de um primo meu que foi nosso companheiros da jornada africana, também sou capaz de confessar: "que saudades".
Leiam também s.f.f.
Azevedo
2015-06-05
M72 - O Comandante da Formação
De facto o verdadeiro Comandante. O homem a quem ainda não tinham reconhecido mérito para o ser, mas que de facto foi o comandante da CCS. Nos finais de 2013, fiz-lhe uma visita de e encontrei-o rijo e bem disposto, apesar de algo achacado com os pés. Coisa pouca para o homem que sonha a fazer poemas de quadra cruzada e que acolhe feliz todos os pedidos de mais rimas, dos camaradas do núcleo de Coimbra.
É o Capitão Arnaldo Luz.
De facto o verdadeiro Comandante. O homem a quem ainda não tinham reconhecido mérito para o ser, mas que de facto foi o comandante da CCS. Nos finais de 2013, fiz-lhe uma visita de e encontrei-o rijo e bem disposto, apesar de algo achacado com os pés. Coisa pouca para o homem que sonha a fazer poemas de quadra cruzada e que acolhe feliz todos os pedidos de mais rimas, dos camaradas do núcleo de Coimbra.
É o Capitão Arnaldo Luz.
2015-04-22
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